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- Categoria: Estudo e Pesquisa
- By fabio
Pesquisa testa Nanoemulsão de óleo de arroz para inflamações na pele
Composto formado por inúmeras partículas que medem entre 50 e 200 nanômetros (nm) à base de óleo de arroz (obtido do farelo de arroz e usado na composição de protetores solares e hidratantes), promove a melhora da hidratação e da oleosidade da pele de pessoas diagnosticadas com dermatite atópica ou psoríase. A substância, que contém água, óleo e tensoativo (produto que possibilita a mistura de água e óleo) tem a superfície de contato com a pele aumentada devido às minúsculas partículas que a formam. Ela atua como antioxidante e adjuvante no tratamento da pele ressecada de quem tem uma ou outra doença, pois ajuda na formação de uma proteção maior à camada mais externa da pele, além de evitar processos inflamatórios e reduzir a utilização de corticosteróides (hormônios sintéticos que inibem a inflamação).
Para a obtenção da nanoemulsão, a farmacêutica Daniela Spuri Bernardi testou diversos pares de tensoativos chegar a um composto estável, após 90 dias de observação das misturas. “Este cuidado é essencial para verificar se as partículas do composto mantêm o tamanho nanométrico e se o pH [indicador de acidez, alcalinidade ou neutralidade de uma solução], além da condutividade elétrica da substância, não se altera, ou seja, se há ou não perda das propriedades como cor, textura e validade do composto neste período.”
Foi realizado o procedimento de cromatografia líquida de alta eficiência, a qual serve para identificar os compostos do óleo de arroz. “Dentre as substâncias encontradas no óleo de arroz, há a presença de gama-orizanol, substância já conhecida por sua capacidade antioxidante e entre outras características por já beneficiar o tratamento de outras doenças da pele sem ser a dermatite atópica e a psoríase.” diz Daniela.
Irritabilidade, hidratação e oleosidade
Antes de realizar testes in vivo, a pesquisadora também efetuou ensaio pré-clínico in vitro por meio de um modelo denominado HET CAM, que utiliza a membrana corioalantóide de ovos de galinha embrionados. Esta estrutura é bem fina e bastante irrigada por vasos sanguíneos e envolve o embrião. O teste consiste em aplicar certa quantidade do produto puro e aguardar por 5 minutos para verificar se há qualquer tipo de dano à membrana. A ausência de qualquer alteração , bem como de ruptura, determinou que potencialmente, a nanoemulsão de óleo de arroz não irrita a pele humana.
Foram realizados testes com 26 voluntários em que o óleo de arroz foi aplicado no antebraço (sem lesões), 17 pessoas com pele normal e 9, com psoríase e 8, com dermatite atópica. A preparação da pele do antebraço para receber o produto ocorreu pela lavagem da região com água e sabão com duas hora de antecedência à aplicação, e 15 minutos de aclimatação à sala onde o produto seria aplicado.Os resultados demonstraram alta hidratação da pele dos dois grupos e um aumento positivo de oleosidade. Conforme relata a farmacêutica, “isto implica numa melhora na função de barreira da pele e não uma cura, mas na possibilidade de um tratamento complementar ao usual que pode atuar também como preventivo, uma vez que a pele menos ressecada causa menor possibilidade de formação de placas ou de feridas.”
Dermatite Atópica e Psoríase
A Dermatite Atópica é considerada uma forma específica de alergia, não contagiosa e hereditária. Caracteriza-se pela inflamação crônica da pele que causa muitas vezes vermelhidão e coceiras principalmente em regiões como o cotovelo, joelhos e pregas da pele devido ao ressecamento. O ato de coçar o local alivia, mas também, provoca lesões e contaminação devido à fragilidade da pele.
Em contrapartida, a pele de pacientes com psoríase sofre com inflamações crônicas e a renovação rápida das células das regiões afetadas, o que além de engrossar a camada mais superficial da pele, gera a formação de placas e escamações.
“Em ambos os casos a complementaridade da nanoemulsão ao tratamento dos pacientes funciona por meio do aumento da hidratação e da oleosidade e pode, com isto, aliviar a sensação incômoda de coceira provocada pelo ressecamento e diminuir as lesões provocadas pelos próprios pacientes em seu corpo ao se coçarem”, diz a farmacêutica.
Mais informações: danibernardi81@yahoo.com.br
Artigo por Por Sandra O. Monteiro - sandra.monteiro@usp.br
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