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- Categoria: Estudo e Pesquisa
- By Fábio Reis
Estudos destacam desfecho cardíaco positivo da semaglutida no tratamento da obesidade, diabetes e doença renal
- Estudos apresentados no 79º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) 2024, realizado em Brasília, mostraram que a semaglutida reduz significativamente eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade sem diabetes, melhora desfechos renais e de insuficiência cardíaca;
- Michael Lincoff, pesquisador da Cleveland Clinic, nos EUA e líder do estudo SELECT, que avaliou os benefícios cardiovasculares da semaglutida 2,4mg, esteve presente no congresso;
- A semaglutida 2,4 mg é o primeiro e único tratamento para obesidade com benefício e proteção cardiovascular comprovados;
Entre os dias 20 e 22 de setembro, Brasília-DF sediou o 79º Congresso Brasileiro de Cardiologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Durante o evento, a Novo Nordisk, líder global em saúde, organizou dois painéis que contaram com a participação de renomados cardiologistas, que discutiram o papel da semaglutida no tratamento integral de pacientes, abordando questões como obesidade e doença renal, além de destacar o Wegovy (semaglutida 2,4 mg) como uma inovação promissora na proteção cardiovascular no tratamento da obesidade.
Dr. Michael Lincoff, pesquisador da Cleveland Clinic e líder do estudo SELECT, abriu sua palestra destacando a relação entre obesidade e risco cardiovascular, com ênfase no acúmulo de gordura na região abdominal. "O acúmulo de gordura na região abdominal é um fator crítico que eleva o risco cardiovascular em pacientes com obesidade, contribuindo para comorbidades como dislipidemia, hiperglicemia, hipertensão e apneia obstrutiva do sono. Os resultados do estudo SELECT mostraram que, ao tratar esses pacientes com semaglutida 2,4 mg, conseguimos reduzir em 20% o risco de eventos cardiovasculares adversos maiores. Isso reforça a importância de uma abordagem integrada que não apenas trate a obesidade, mas também melhore as condições associadas para proteger a saúde cardiovascular", afirmou.
O estudo SELECT, liderado por Lincoff, foi pioneiro ao avaliar a segurança e a superioridade da semaglutida 2,4 mg em comparação com placebo, como complemento ao tratamento padrão em indivíduos com doença cardiovascular estabelecida e sobrepeso ou obesidade, sem histórico prévio de diabetes. O estudo apontou uma redução de 20% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE), que incluem morte cardiovascular, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral não fatal, em pacientes com sobrepeso ou obesidade e doença cardiovascular estabelecida. "A semaglutida 2,4 mg representa um avanço significativo no manejo do peso, sendo a primeira terapia comprovada em um rigoroso ensaio clínico randomizado para reduzir o risco de eventos cardiovasculares. Isso estabelece o sobrepeso e a obesidade como fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares, quando tratados com semaglutida, oferecendo novas oportunidades para melhorar a saúde dos pacientes", completou o especialista.
Além de apresentar e destacar as inovações atuais, Dr. Michael Lincoff também enfatizou a importância de aprofundar o entendimento sobre a saúde integral do paciente por meio da semaglutida. "Esses tratamentos podem ter um impacto positivo não apenas na aterosclerose e na insuficiência cardíaca, mas também nas doenças renais. O estudo SELECT destacou que a semaglutida não apenas oferece benefícios na redução do risco cardiovascular, mas também aponta uma diminuição de 22% na progressão de evolução de doença renal", afirmou.
Dr. André Feldman, coordenador e responsável pela cardiologia nos Hospitais Rede D'Or São Luiz, complementou a discussão ao ressaltar a interconexão entre diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares, ponderando que cerca de 86% das pessoas com diabetes apresentam sobrepeso ou obesidade, e aproximadamente um terço desses indivíduos desenvolvem doenças cardiovasculares. "A epidemia de diabetes está intimamente ligada à obesidade e às doenças cardiovasculares, o que evidencia a urgência de abordagens integradas no tratamento dessas condições, especialmente considerando que frequentemente essas doenças vêm acompanhadas de outras comorbidades, como as renais".
O ensaio randomizado FLOW, que comparou a semaglutida injetável 1,0 mg com placebo, focou em desfechos renais, mostrando que a semaglutida 1,0 mg reduziu o risco de eventos cardiovasculares adversos maiores em 18% em pessoas com doença renal crônica (DRC) e diabetes tipo 2 (DM2), além de diminuir em 20% o risco de morte por todas as causas. Observou-se também uma redução de 24% no risco de desfechos renais compostos, destacando o potencial da semaglutida na proteção da saúde renal e cardiovascular. "A doença renal crônica e o diabetes tipo 2 elevam as chances de desenvolver doenças cardiovasculares, e vice-versa, uma vez que essas condições frequentemente coexistem. Esses resultados são promissores, pois indicam que a semaglutida pode desempenhar um papel fundamental na proteção dos rins e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes", afirmou Feldman.
Uma nova análise combinada também foi apresentada, utilizando dados de participantes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção levemente reduzida ou preservada (ICFEP) provenientes dos ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo: SELECT, FLOW, STEP-HFpEF e STEP-HFpEF DM. Essa análise teve como objetivo examinar os efeitos da semaglutida 2,4 mg sobre eventos relacionados à insuficiência cardíaca.
A análise, que envolveu 3.743 pacientes, confirmou que a semaglutida reduziu o risco de morte cardiovascular ou piora da insuficiência cardíaca em 31%. Além disso, a semaglutida mostrou uma redução de 41% no risco de piora da IC, com 2,8% dos pacientes tratados apresentando esses eventos, em comparação com 4,7% no grupo placebo (HR 0,59 [IC 95% 0,41-0,82], P=0,0019). Andrei Sposito, professor titular de cardiologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), ponderou a relevância dos resultados, considerando seu impacto social e econômico: "A insuficiência cardíaca representa um dos mais graves problemas de saúde pública, gerando custos elevados para os sistemas de saúde devido ao aumento nas internações e complicações associadas. A obesidade desempenha um papel crucial nesse cenário, frequentemente contribuindo para o desenvolvimento e a progressão da IC. Essa relação não apenas eleva o risco de eventos cardiovasculares, mas também prejudica a qualidade de vida dos pacientes."
A apresentação do Dr. José Francisco Kerr Saraiva, cardiologista pesquisador e professor titular de cardiologia da PUC Campinas e líder do estudo SELECT no Brasil, destacou as apresentações e as indicações da semaglutida para diversas condições, além de apresentar os principais resultados dos estudos realizados até o momento. Ele também compartilhou informações sobre os desfechos e as características basais do estudo randomizado SOUL, que envolve 9.642 pacientes e avalia os efeitos da semaglutida oral (14mg) em indivíduos com diabetes tipo 2 e doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida e/ou doença renal crônica.
Os desfechos secundários confirmatórios do estudo incluem a análise de eventos como morte cardiovascular, morte relacionada a doenças renais, e uma redução persistente superior a 50% na taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) segundo a fórmula CKD-EPI. Outro desfecho importante é o relacionado a doença arterial periférica, conhecido como MALE (evento adverso maior dos membros inferiores - amputação e/ou reintervenção dos membros inferiores), doença altamente limitante que relacionada a um importante aumento do risco cardiovascular. O acompanhamento desses pacientes chegou há 5 anos desde a entrada no estudo. O estudo também analisou o tempo até a primeira ocorrência de morte cardiovascular, bem como a ocorrência de eventos adversos significativos nos membros, que constituem um resultado composto, incluindo hospitalizações por isquemia aguda e crônica dos membros, durante o mesmo período.
"Os estudos em andamento são fundamentais para expandir nosso conhecimento sobre os benefícios potenciais da semaglutida nos desfechos cardiovasculares, renais e nas doenças arteriais periféricas. Um exemplo importante é o estudo STRIDE, que visa comparar o efeito da semaglutida sobre a capacidade funcional, especificamente a distância máxima de caminhada, em pessoas com doença arterial periférica e diabetes tipo 2 em comparação com o placebo. Este é um estudo randomizado, de fase 3b e duplo-cego, cujo desfecho primário é a mudança na distância máxima de caminhada, medida em um teste de carga constante em esteira, na semana 52. Esses esforços são essenciais para entender melhor como a semaglutida pode melhorar a qualidade de vida desses pacientes.", completa o Dr. Saraiva
Sobre o estudo FLOW:
O estudo do uso da semaglutida 1,0 mg subcutâneo em pacientes com doença renal crônica e diabetes tipo 2 avaliou 3.533 pacientes em torno dos 60 anos de idade, sendo 2/3 homens e todos com mais de 15 anos de diagnóstico. 23% (1/4 da amostra) já tinham sofrido infarto ou acidente vascular cerebral4 e o desfecho primário do estudo foi um composto de:
- Falência renal;
- Redução de > 50% da TFG (taxa de filtração glomerular);
- Morte relacionada à doença renal do DM;
- Morte cardiovascular.
Os resultados demonstraram 24% de progressão de doença renal crônica em pacientes com diabetes tipo 2 no grupo em uso de semaglutida e uma redução de risco em 20% de morte por todas as causas. Essa redução de risco foi consistente tanto para desfechos renais quanto para morte cardiovascular.
O estudo foi interrompido precocemente devido a superioridade evidenciada no grupo em uso de semaglutida versus o em uso de placebo.
O estudo FLOW foi um ensaio randomizado, duplo-cego, de grupos paralelos, controlado por placebo, e orientado por eventos, comparando semaglutida injetável 1,0 mg administrada uma vez por semana com placebo como complemento ao tratamento padrão nos desfechos renais, visando retardar a progressão da insuficiência renal e reduzir o risco de mortalidade renal e cardiovascular em pessoas com diabetes tipo 2 e DRC. Foram recrutados 3.533 adultos para o ensaio, que foi conduzido em 28 países em cerca de 400 locais de investigação. O estudo FLOW foi iniciado em junho de 2019.5
O objetivo primário do estudo FLOW foi demonstrar um atraso na progressão da DRC e reduzir o risco de início da falência renal (início de diálise de longo prazo, transplante renal ou uma redução na TFGe (taxa de filtração glomerular estimada) para <15 ml por minuto por 1,73 m² sustentada por ≥28 dias), uma redução sustentada (por ≥28 dias) de 50% ou mais no TFGe em relação ao início, ou morte por causas renais ou cardiovasculares. Os desfechos secundários, avaliados em ordem hierárquica, incluíram a taxa anual de mudança no TFGe (declínio total do TFGe), tempo até a primeira ocorrência de um desfecho MACE composto (infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal, morte cardiovascular) e tempo até a ocorrência de morte por todas as causas.5
Sobre o estudo SELECT (semaglutida 2,4 mg)
O estudo SELECT (Efeitos da Semaglutida nos Desfechos Cardiovasculares em Pessoas com Sobrepeso ou Obesidade) foi um ensaio multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, e orientado por eventos, projetado para avaliar a segurança e a superioridade da semaglutida 2,4 mg em comparação com placebo como um complemento ao tratamento padrão para doença cardiovascular, na redução do risco de eventos cardiovasculares adversos maiores em pessoas com doença cardiovascular estabelecida e sobrepeso ou obesidade, sem histórico prévio de diabetes.2
Em maio desse ano, o estudo demonstrou que o tratamento com semaglutida 2,4mg em pessoas com doença cardiovascular estabelecida (DCV) e sobrepeso ou obesidade proporciona perda de peso robusta e sustentada por até 4 anos; reduz o risco de MACE (que consiste em morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral não fatal) independentemente do grau de perda de peso alcançada; e ainda garante a relação risco-benefício positiva geral do tratamento e demonstra um perfil de segurança consistente, por observar que a perda de peso e o benefício cardiovascular podem ser alcançados Efeitos Adversos Graves (EAG) leves e que não impediram a continuidade do tratamento.
O programa de estudos STEP já havia comprovado que a semaglutida 2,4 mg apresenta redução média de 17% do peso, sendo que um terço dos pacientes apresentam redução superior a 20%. O estudo SELECT foi o primeiro estudo que comprovou redução de 20% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE, que consiste em morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral não fatal) em pacientes com sobrepeso/obesidade e doença cardiovascular estabelecida.
O ensaio, iniciado em 2018, recrutou 17.604 adultos e foi conduzido em 41 países em mais de 800 locais de investigação.2
Sobre o estudo STEP-HFpEF (semaglutida 2,4 mg)
O estudo STEP-HFpEF foi um ensaio de 52 semanas, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, projetado para investigar os efeitos da semaglutida 2,4 mg subcutânea, administrada uma vez por semana, nos sintomas, função física e peso corporal em comparação com placebo, ambos adicionados ao tratamento padrão, em pacientes com ICFEP e obesidade. O estudo STEP-HFpEF incluiu 529 adultos com ICFEP sintomática (fração de ejeção ≥45%) e obesidade (IMC ≥30 kg/m²) sem diabetes.
O desfecho primário foi a mudança em relação ao início no escore clínico do Questionário de Cardiomiopatia de Kansas City (KCCQ-CSS) e a porcentagem de mudança no peso corporal; os desfechos secundários: mudança na distância no teste de caminhada de 6 min (6MWD), o desfecho composto hierárquico (morte por todas as causas, eventos de insuficiência cardíaca, diferença na mudança do KCCQ-CSS e diferença de pelo menos 30 metros na mudança do 6MWD) e mudança na proteína C-reativa.12
Sobre o estudo STEP-HFpEF DM (semaglutida 2,4 mg)
O STEP-HFpEF DM foi um ensaio de 52 semanas, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, projetado para investigar a eficácia da semaglutida 2,4 mg subcutânea, administrada uma vez por semana, nos sintomas, função física e peso corporal em comparação com placebo, ambos adicionados ao tratamento padrão, em pacientes com ICFEP, obesidade e diabetes tipo 2.
O STEP-HFpEF DM incluiu 616 adultos com ICFEP sintomática (fração de ejeção ≥45%), obesidade (IMC ≥30 kg/m²) e diabetes tipo 2. º desfecho primário e secundário foram os mesmos do STEP HFpEF.
Sobre a semaglutida 2,4 mg
Trata-se do primeiro e único tratamento para obesidade com benefício, proteção cardiovascular e segurança comprovados, além de ser, no País, o primeiro e único análogo semanal do GLP-1 aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar adultos e crianças a partir de 12 anos que vivem com obesidade e sobrepeso com ao menos uma comorbidade relacionada ao peso1.
Pesquisas clínicas comprovaram que o medicamento apresenta redução média de 17% do peso, sendo que um terço dos pacientes apresentam redução superior a 20%, além de diminuição de 20% no risco de eventos cardiovasculares adversos maiores (MACE, que consiste em morte cardiovascular, infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral não fatal)1. Também já foi comprovado que a redução no risco de MACE ocorre independentemente da perda de peso desses pacientes3, que se mostrou sustentada ao longo de 4 anos4, com relação positiva de risco-benefício e perfil de segurança consistente3.
Todos os produtos da Novo Nordisk da classe GLP-1 são tarja vermelha e por isso só podem ser vendidos sob prescrição médica.
Sobre a semaglutida 14 mg
Rybelsus® é o primeiro e único GLP-1 oral disponível no mercado, iniciando uma nova classe de medicamentos, preenchendo espaços no arsenal terapêutico para o tratamento do diabetes tipo 2.
Rybelsus® é indicado para o tratamento de adultos com diabetes tipo 2 inadequadamente controlado, para melhora do controle glicêmico, como adjuvante a dieta e exercício, podendo ser usado em monoterapia, quando a metformina é considerada inadequada devido a intolerância ou contraindicações; e em associação com outros medicamentos para o tratamento do diabetes.
Sobre a semaglutida 1 mg
Ozempic® é um análogo do peptídeo humano semelhante ao glucagon (GLP-1) que foi desenvolvido para uso semanal no tratamento do diabetes tipo 2. O medicamento deve ser administrado por via subcutânea uma vez por semana, a qualquer hora do dia, independente dos horários das refeições. ⁶
No Brasil, Ozempic® foi aprovado pelas autoridades regulatórias em agosto de 2018 e comercializado desde o primeiro semestre de 2019 no país. O medicamento é indicado para o tratamento de adultos com diabetes tipo 2 insuficientemente controlado, como adjuvante à dieta e exercício, tanto em monoterapia (quando a metformina não é tolerada ou é contraindicada) quanto em adição a outros medicamentos para o tratamento do diabetes. ⁶
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Referências
- Kosiborod, MN, Deanfield J, Pratley R, et al. Semaglutide versus placebo in patients with heart failure and mildly reduced or preserved ejection fraction: a pooled analysis of the SELECT, FLOW, STEP-HFpEF, and STEP-HFpEF DM randomised trials. The Lancet. Published online: August 30, 2024.
- Lincoff AM, Brown-Frandsen K, Colhoun HM, et al. Semaglutide and cardiovascular outcomes in obesity without diabetes. N Engl J Med. 2023; 389:2221-2232.
- Kosiborod MN, Abildstrom SZ, Borlaug BA, et al. Semaglutide in patients with heart failure with preserved ejection fraction and obesity. N Engl J Med. 2023; 389:1069-1084.
- Kosiborod MN, Petrie MC, Borlaug BA, et al. Semaglutide in patients with obesity-related heart failure and type 2 diabetes. N Engl J Med. 2024;390:1394-1407.
- Perkovic V, Tuttle KR, Rossing P, et al. Effects of semaglutide on chronic kidney disease in patients with type 2 diabetes. N Engl J Med. 2024;391:109-121.
- Bula de Ozempic®. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/bulario/detalhe/1220881?numeroRegistro=117660036. Acesso em 04.04.2023.