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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By Fábio Reis
Proposta: inclusão de medicamento biológico para enxaqueca nos planos de saúde
A enxaqueca, doença neurológica que atinge cerca de 30 milhões de brasileiros, é a terceira mais prevalente e a sexta mais incapacitante do mundo, segundo a OMS
Muito mais que uma dor de cabeça, a enxaqueca é uma doença crônica neurológica que pode ser incapacitante durante os períodos de crise. Aproximadamente uma a cada sete pessoas sofrem com a doença mundialmente1, sendo 30 milhões só no Brasil. A enxaqueca é a terceira doença crônica não transmissível (DCNT) mais prevalente do mundo2 e a sexta mais incapacitante3. Com isso, garantir o acesso a terapias avançadas desenvolvidas especificamente para a profilaxia da doença é essencial para promover a qualidade de vida de pacientes que usam tanto o sistema de saúde suplementar quanto dos que são atendidos pela rede pública (SUS).
A enxaqueca é um tipo de cefaleia com prevalência maior entre mulheres em idade produtiva. A doença costuma aparecer em ciclos que podem durar de 4 até 72 horas de dor. Além da dor de cabeça severa e de característica pulsante, o paciente pode apresentar náusea, vômito e sensibilidade à luz, som e odores4. Ele também pode sentir dificuldades, e até mesmo ficar incapacitado, para desenvolver atividades cotidianas durante as crises5.
Apesar de não ter uma causa conhecida, sabe-se que os níveis do peptídeo relacionado ao gene de calcitonina (CGRP) aumentam durante as crises e se normalizam quando elas acabam6. Com isso, a chegada de medicamentos capazes de agir diretamente nos receptores do CGRP e bloquear o ciclo da doença é um avanço no tratamento profilático da enxaqueca.
Vários estudos globais já demonstraram a eficácia e segurança do medicamento biológico composto de um anticorpo monoclonal na prevenção da enxaqueca 7,8,9.
A diminuição dos sintomas da enxaqueca traz benefícios para os pacientes e para seu entorno. No ambiente de trabalho, por exemplo, foi observado um grande número de casos de presenteísmo10, quando a pessoa está presente, mas não é produtiva devido à alguma enfermidade, e o absenteísmo, que é a ausência, muitas vezes repetida, devido a intensidade e duração dos sintomas da doença. O impacto socioeconômico da doença é expressivo. Estima-se que os custos anuais diretos e indiretos cheguem a € 27 bilhões na Europa11,12 e US$ 20 bilhões nos Estados Unidos13,14 .
No Brasil, os pacientes com enxaqueca agora contam com a chegada de novas terapias para ajudar no controle das crises. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro medicamento biológico específico para o tratamento da doença em março de 2019. Agora, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulamentação dos planos de saúde no Brasil, discutirá a incorporação desse medicamento no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que será atualizado em 2021.
Uma das etapas do processo de atualização são as Reuniões Técnicas de Análise das Propostas de Atualização do Rol, em que a Câmara de Saúde Suplementar assiste a apresentações e argumentos favoráveis ou não à incorporação de novas tecnologias na cobertura obrigatória dos planos de saúde, a reunião que tratará deste tema será em 7 de maio, quinta-feira.
Referências
1. World Health Organization (WHO). How Common are headaches? Disponível em: https://www.who.int/features/qa/25/en/. Acesso em 06/03/2020.
2. The Migraine Trust. Facts and Figures: Prevalence. Disponível em: https://www.migrainetrust.org/about-migraine/migraine-what-is-it/facts-figures/. Acesso em 06/03/2020.
3. Migraine Research Foundation. Disponível em: https://migraineresearchfoundation.org/about-migraine/migraine-facts/. Acesso em 06/03/2020.
4. National Institute for Neurological Disorders and Stroke. https://www.ninds.nih.gov/Disorders/All-Disorders/Migraine-Information-Page (link is external). Acessado em janeiro de 2019.
5. Drauzio Varella. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/enxaqueca. Acessado em janeiro de 2019.
6. Cernuda-Morollón E, Larrosa D, Ramón C, Vega J, Martínez-Camblor P, Pascual J. Interictal increase of CGRP levels in peripheral blood as a biomarker for chronic migraine. Neurology. 2013 Oct 1;81(14):1191-6. doi: 10.1212/WNL.0b013e3182a6cb72.
7. Novartis presents new positive data at EHMTIC showing AMG 334 significantly reduces monthly migraine days in chronic migraine. https://www.novartis.com/news/media-releases/novartis-presents-new-positive-data-ehmtic-showing-amg-334-significantly-reduces. Acessado em janeiro de 2019.
8. Goadsby, et al. N Engl J Med. 2017;377:2123-2132
9. Novartis announces AMG 334 significantly reduces monthly migraine days in second pivotal Phase III episodic migraine study. https://www.novartis.com/news/media-releases/novartis-announces-amg-334-significantly-reduces-monthly-migraine-days-second. Acessado em janeiro de 2019.
10. ShimabukuI, Rose Helen, Helenides Mendonça, and Ariana Fidelis. "Presenteísmo: contribuições do Modelo Demanda-Controle para a compreensão do fenômeno." Cad. psicol. soc. trab (2017).
11. Stovner LJ, Andrée C; Eurolight Steering Committee. Impact of headache in Europe: a review for the Eurolight project. J Headache Pain. 2008 Jun;9(3):139-46.
12. Olesen J, et al., and CDBE2010 study group; European Brain Council. The economic cost of brain disorders in Europe. Eur J Neurol. 2012 Jan;19(1):155-62.
13. Hawkins K, Wang S, Rupnow MF. Indirect cost burden of migraine in the United States. J Occup Environ Med. 2007;49(4):368-374.
14. Hawkins K, Wang S, Rupnow MF. Direct cost burden among insured US employees with migraine. Headache. 2007;48(4):553-563.
FONTE Novartis