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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By fabio
Uso de fitoterapicos para reposição hormonal cresce
Diante da polêmica sobre os riscos de problemas cardiovasculares e câncer de mama em conseqüência da terapia de reposição com hormônios sintéticos, um número crescente de mulheres procura alívio dos sintomas da menopausa recorrendo a tratamentos considerados naturais, à base de plantas como soja, trevo vermelho e black cohosh.
Segundo reportagem do Estadão, têm sido registrados aumentos significativos dos pedidos dessas fórmulas em farmácias de manipulação e da venda de produtos fitoterápicos em drogarias. Mas não são apenas as mulheres que estão mudando.
Com pacientes mais informadas, os médicos precisam agora explicar claramente as vantagens e desvantagens de cada tipo de terapia. As mulheres estão mais conscientes, interessadas. Mas muitas apresentam resistência tão grande a um ou outro tratamento que fica difícil convencê-las, diz o médico Mauro Abi Haidar, da Universidade Federal de São Paulo, para ele, erra tanto quem descarta de imediato o uso dos hormônios quanto quem apregoa a eficácia e a segurança total dos fitoestrógenos. Cada caso é diferente do outro.
Todas devem saber que qualquer que seja a opção há ganhos e perdas. Algumas se dão bem, outras arrependem-se - Além dos especialistas, a reportagem do Estadão procurou também algumas pacientes que, diante da polêmica sobre os riscos da TRH, fizeram a troca pelo fitohormônios. Algumas, que não se adaptavam aos efeitos colaterais dos hormônios sintéticos, estão satisfeitas com a troca. Outras constataram a volta dos incômodos e, arrependidas, voltaram ao remédio tradicional. Médicos ainda preferem hormônios sintéticos - O presidente da Sociedade Brasileira do Climatério, César Eduardo Fernandes, afirma que não existem pesquisas que comprovem a total segurança nem a plena eficácia dos fitohormônios.
Segundo apurou a reportagem do Estadão, os médicos ainda afirmam que a reposição com hormônios sintéticos continua sendo o tratamento de primeira escolha e que os fitohormônios devem ser usados apenas em dois casos: contra-indicações precisas dos remédios tradicionais e inadaptação da paciente à terapia. Natural, mas pode fazer mal - A matéria do Estadão destaca ainda que a fitoterapia só deve ser usada sob indicação e com acompanhamento médico.
A idéia de que se é natural não faz mal não passa de crença popular equivocada, escreve a repórter. Como os medicamentos tradicionais, os fitoterápicos também podem provocar efeitos colaterais. Mas esses efeitos são menos agressivos, ressalta Magrid Teske, presidente da Associação Brasileira da Indústria Fitoterápica (Abifito). Os benefícios do tratamento com fitoestrógenos também são mais sutis e demorados.
No caso do alívio dos sintomas da menopausa, os resultados começam a ser sentidos depois de dois a três meses de tratamento. Já com os medicamentos tradicionais, são necessários cerca de dez dias. Outra questão importante é comprar produtos fitoterápicos confiáveis, pois o setor conta com muitas empresas de fundo de quintal.
A orientação da presidente da Abifito é que o consumidor deve optar por produtos fabricados por empresas maiores e mais antigas e que estejam registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mais controvérsias - A substituição da reposição hormonal tradicional por fitohormônios divide as opiniões. A Anvisa discutiu o assunto com especialistas de várias áreas e concluiu que as isoflavonas (fitohormônio presente na soja) têm apenas duas indicações comprovadas pela ciência: alívio das ondas de calor da menopausa e auxílio na redução dos níveis de colesterol.
As isoflavonas não substituem a reposição hormonal tradicional, afirma Karmian Wagner, técnica da unidade de fitoterápicos da Anvisa. Propagandas dessa indicação são enganosas, de acordo com o órgão.