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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By Fábio Reis
Retina, próstata, ovários e outras glândulas bovinas e suínas poderão ser exportadas para a fabricação de extratos farmacêuticos opoterápicos.
O setor farmacêutico brasileiro voltado à produção de insumos de origem animal acaba de ganhar um novo e estratégico mercado. O governo brasileiro confirmou, por meio de nota conjunta do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que a autoridade sanitária da Rússia aprovou o modelo de Certificado Sanitário Internacional (CSI) para exportação de subprodutos de origem animal destinados à produção de extratos farmacêuticos. A decisão russa se estende automaticamente aos demais membros da União Econômica Euroasiática (UEE), composta por Belarus, Cazaquistão, Armênia e Quirguistão.
A autorização abrange especificamente subprodutos de alto valor agregado como retina bovina e suína, próstata bovina, cartilagem escapular bovina, ovários bovinos e glândulas do timo bovino — materiais tradicionalmente utilizados na fabricação de extratos opoterápicos, indicados para reposição hormonal e tratamentos imunológicos em determinadas áreas da medicina.
Com essa nova abertura, o Brasil soma 386 mercados abertos para o agronegócio desde o início de 2023, reforçando sua posição como fornecedor estratégico de insumos para a indústria global de fármacos. No caso da UEE, o bloco representa uma população combinada de mais de 185 milhões de habitantes e um setor farmacêutico em expansão, cada vez mais demandante de insumos biológicos de origem animal, com foco em matérias-primas certificadas sanitariamente.
Para o setor exportador, o anúncio representa um marco importante não apenas na diversificação da pauta comercial brasileira, mas também na valorização de subprodutos pecuários, tradicionalmente subutilizados. A medida está em linha com os princípios da bioeconomia, economia circular e práticas sustentáveis na cadeia agropecuária.
Em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 1,4 bilhão em produtos agropecuários para os países da UEE, incluindo itens como fumo, couros e plantas vivas. A expectativa agora é de que os extratos opoterápicos se consolidem como novo vetor de crescimento nessa relação bilateral, abrindo espaço para acordos comerciais mais amplos no setor de fármacos e biotecnologia.
A viabilização técnica e diplomática da abertura foi resultado direto da articulação entre o MRE e o Mapa, que atuaram em conjunto para garantir o reconhecimento dos protocolos sanitários brasileiros por parte das autoridades da Rússia e da União Econômica Euroasiática.