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- Categoria: Saúde
- By Fábio Reis
SUS pode incorporar o alentuzumabe para tratamento da esclerose múltipla
Pacientes com esclerose múltipla têm perspectiva de contar com mais uma opção terapêutica para tratamento no SUS. CONITEC emitiu parecer positivo para a incorporação do biológico alentuzumabe no final de abril
Na última quarta-feira, 26 de maio, aconteceu o Dia Mundial da Esclerose Múltipla – doença crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central, causando lesões no cérebro e na medula espinhal do paciente[i]. Na ausência do tratamento adequado, a doença prejudica a transmissão dos impulsos nervosos para o resto do corpo e provoca dificuldades motoras e sensoriais significativas[ii]. A boa notícia é que, em breve, os pacientes com esclerose múltipla terão uma nova opção terapêutica disponível para tratamento no Sistema Único de Saúde.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) incorporou o medicamento biológico Lemtrada® (alentuzumabe) no Sistema Único de Saúde para tratamento da esclerose múltipla remitente recorrente. A decisão final foi publicada no dia 28 de abril de 2021 no Diário Oficial da União. Essa inclusão beneficia os pacientes com necessidades de tratamento não atendidas, ou seja, pacientes que tiveram falha terapêutica com o uso de duas ou mais das terapias já disponíveis no SUS, conforme estabelecido no Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT).
“Quanto mais opções terapêuticas estiverem disponíveis, maiores são as chances de o tratamento ideal ser implementado para o paciente, principalmente para aqueles que ainda não obtiveram uma resposta ideal no controle da doença.”, afirma Gustavo San Martin, diretor executivo da Amigos Múltiplos pela Esclerose.
A doença
A esclerose múltipla atinge 15 pessoas a cada 100 mil no Brasil e costuma afetar pessoas mais jovens, sobretudo mulheresi. Ela ocorre quando o organismo ataca o próprio sistema nervoso, provocando um processo inflamatório que danifica a bainha de mielina – uma membrana que envolve e isola as fibras nervosas. Com isso, a transmissão de impulsos nervosos para o restante do corpo não ocorre como deveria e o paciente sofre com uma série de sintomas, que nem sempre são os mesmos para todos[iii].
Os principais sinais da esclerose múltipla são[iv]-[v]: visão turva ou perda da visão por um curto período; espasticidade, dormência e formigamento nos braços e pernas; tontura e fadiga excessiva; dificuldades motoras, como falta de coordenação, desequilíbrio e tremores; problemas de memória e concentração; disfunções sexuais, incontinência urinária e fecal; e dificuldades de fala e deglutição.
O diagnóstico
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sinais da esclerose múltipla são tão diversos que o diagnóstico errado ou tardio ocorre com frequênciaiv. Não há um exame definitivo para confirmar a doença[vi] – o diagnóstico consiste na realização de testes clínicos para eliminação de outras hipóteses que provocam sintomas similares e são facilmente confundidas com a EM, como lúpus, fibromialgia, vasculite e deficiência da vitamina B12[vii]. Exames de sangue, testes de função neurológica, ressonância magnética e punção lombar são alguns dos exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico[viii].
O tratamento
A esclerose múltipla não tem cura, mas os sintomas da doença podem ser controlados. O objetivo do tratamento é a redução do número de surtos da doença e do acúmulo da incapacidade, possibilitando, assim, uma melhora significativa na qualidade de vida do pacientevi. Por ser uma condição que se faz presente ao longo de toda a vida, é necessário considerar tanto os aspectos físicos quanto emocionais, de preferência com o acompanhamento multidisciplinar de profissionais neurologistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos.
Referências:
[i]Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Portaria Conjunta Nº 7, de 3 de julho de 2019. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2019/outubro/10/PCDT-Esclerose-M--ltipla.pdf
[ii]Centers for Disease Control and Prevention [homepage na internet]. About Chronic Diseases [acesso em 10 maio 2021]. Disponível em: https://www.cdc.gov/chronicdisease/about/index.htm
[iii]Academia Brasileira de Neurologia [homepage na internet]. Esclerose Múltipla [acesso em 10 maio 2021]. Disponível em: http://www.cadastro.abneuro.org/site/publico_esclerose.asp#:~:text=A%20esclerose%20m%C3%BAltipla%20%C3%A9%20a,mundo%20(dados%20da%20OMS).
[iv]World Health Organization. Multiple Sclerosis. Geneva, 2001. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/42394/924156203X_en.pdf
[v]National Multiple Sclerosis Society. Multiple Sclerosis: Just The Facts. Disponível em: https://www.nationalmssociety.org/nationalmssociety/media/msnationalfiles/brochures/brochure-just-the-facts.pdf
[vi]American Academy of Neurology. Evidence-based guideline: Assessment and management of psychiatric disorders in individuals with MS. 2013.
[vii]Amigos Múltiplos. 13 condições comumente confundidas com a esclerose múltipla. Disponível em: https://amigosmultiplos.org.br/noticia/13-condicoes-comumente-confundidas-com-esclerose-multipla/#:~:text=Assim%20como%20a%20esclerose%20m%C3%BAltipla,imunes%20se%20sobrep%C3%B5em%2C%20diz%20Burks.
[viii]Amigos Múltiplos. [homepage na internet]. Exames e Esclerose Múltipla [acesso em 10 maio 2021]. Disponível em: https://amigosmultiplos.org.br/noticia/exames-e-esclerose-multipla/