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- Categoria: Saúde
- By Fábio Reis
Massacre de Columbine 24 anos depois: o que a ciência diz sobre ataques em escolas
Um olhar científico sobre as causas subjacentes do massacre de Columbine e o que pesquisadores investigaram sobre ataques em escolas
O massacre de Columbine ocorrido em 20 de abril de 1999, na cidade de Littleton, Colorado, EUA, foi um dos eventos mais chocantes e trágicos da história recente dos Estados Unidos. Naquele dia, dois estudantes do ensino médio, Eric Harris e Dylan Klebold, entraram na escola com armas e mataram 12 alunos e um professor antes de cometerem suicídio. O evento deixou o mundo horrorizado e suscitou debates sobre a segurança nas escolas e a saúde mental dos jovens.
Ao longo dos últimos 24 anos, cientistas têm tentado entender os motivos por trás desses ataques e como prevenir futuros ataques em escolas e universidades. A pesquisa aponta para uma combinação complexa de fatores que incluem doenças mentais, exposição à violência na mídia, facilidade de acesso a armas de fogo, e pressão social.
Um estudo publicado na revista American Psychologist em 2014, por exemplo, examinou 63 ataques a escolas ocorridos nos EUA entre 1974 e 2013. Os autores descobriram que, embora a maioria dos perpetradores tenha sido diagnosticada com alguma doença mental, nem todos os ataques foram realizados por indivíduos com problemas psicológicos. Eles também observaram que a maioria dos atiradores tinha fácil acesso a armas de fogo e que muitos deles haviam sido vítimas de bullying ou rejeição social.
Outro estudo, publicado na revista Pediatrics em 2018, examinou o impacto da exposição à violência na mídia na saúde mental dos jovens. Os autores descobriram que a exposição repetida a violência na mídia pode levar a sintomas de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático e comportamentos agressivos em crianças e adolescentes.
Em relação à prevenção da violência em ambientes educacionais, a ciência sugere a importância da identificação precoce de doenças mentais em jovens, especialmente aqueles que apresentam sintomas de depressão, ansiedade ou comportamentos violentos. Também é crucial aumentar a conscientização sobre bullying e fornecer apoio emocional a estudantes que enfrentam pressões sociais.
Além disso, cientistas argumentam que políticas de controle de armas de fogo podem ser eficazes na redução da violência em massa. Um estudo publicado na revista JAMA em 2019, por exemplo, descobriu que estados com leis mais rígidas de controle de armas tiveram uma menor taxa de mortalidade por armas de fogo.
Apesar desses esforços, o número de ataques em escolas nos EUA continua alarmante. A ciência pode oferecer algumas soluções para prevenir esses eventos trágicos, mas é necessário um compromisso político e social para implementá-las.
Referências:
1) Densley, J. A., & Peterson, R. D. (2014). Mass shootings in America: Moving beyond Newtown. American Psychologist, 69(6), 576-587.
https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1088767913510297
2) Huesmann, L. R., Moise-Titus, J., Podolski, C. L., & Eron, L. D. (2003). Longitudinal relations between children's exposure to TV violence and their aggressive and violent behavior in young adulthood: 1977-1992. Developmental Psychology, 39(2), 201-221.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12661882/
3) Kaufman, E. J., Morrison, C. N., Branas, C. C., & Wiebe, D. J. (2019). State firearm laws and interstate firearm deaths from homicide and suicide in the United States. JAMA Internal Medicine, 179(5), 692-699.
https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/fullarticle/2673375