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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By Fábio Reis
Minas Gerais é onde a indústria farmacêutica mais cresce no Brasil
Minas Gerais é o Estado onde a indústria farmacêutica mais cresce no Brasil. Este é o apontamento do IBGE, na última Pesquisa Industrial Anual, divulgada em 2018. Os fabricantes de produtos farmacêuticos e farmoquímicos localizados em Minas Gerais tiveram uma receita líquida de R$ 3,18 bilhões, um crescimento de 15,44% em relação ao ano anterior. O crescimento supera todas as unidades da federação pesquisadas, incluindo São Paulo, maior produtor nacional. A depender dos investimentos em curso e das ações da Agência de Promoção de Investimentos de Minas Gerais (Indi), a expansão da indústria farmacêutica no Estado deve se intensificar e a projeção é que o faturamento triplique no horizonte dos próximos 5 anos.
A combinação de tendências globais com o contexto local torna a audaciosa expectativa factível. O aumento na expectativa de vida, maior preocupação da população com a saúde, crescimento do mercado de genéricos e avanços da biotecnologia impulsionam o crescimento do setor globalmente. Estudos da consultoria Delloitte (Global Life Sciences Outlook) estimam que o gasto total com medicamentos no mundo atingirá 1,2 trilhão de dólares em 2024. A cifra traduz uma taxa de crescimento anual esperada de 6,4%, que é 6 vezes superior ao crescimento verificado entre 2011 e 2017. Contudo, para além dos fatores globais que impactam a indústria farmacêutica, a aposta do Indi está no Fator Minas Gerais: um conjunto de 5 diferenciais que possibilitarão ao Estado dar um grande salto nos próximos anos. São eles:
1. Os novos projetos atraídos para MG ao longo dos últimos anos no segmento de ciências da vida, incluindo fármacos e biotecnologia, somam um volume de investimentos da ordem de R$ 2,8 bilhões. Tais projetos, que estão em diferentes estágios de implantação, quando entrarem em plena operação têm o potencial de incrementar o faturamento da indústria farmacêutica em Minas Gerais num valor estimado em torno de R$ 9 bilhões, permitindo ao Estado alcançar a segunda posição no ranking de produção nacional. Dentre os projetos que merecem destaque estão a expansão da Cimed, implantação da Biolar e os centros de distribuição de Supera Rx e Althaia, em Pouso Alegre; a planta da Momenta Farmacêutica (Eurofarma), em Montes Claros; Myralis, em Poços de Caldas; os centros de distribuição de Cellera Farma e Eurofarma, em Varginha; e a planta da Biomm, em Nova Lima.
2. A política em curso de adensamento da cadeia produtiva, capitaneada pelo Indi, com foco em preencher elos faltantes, atraindo novos ou desenvolvendo fornecedores locais, tornará, por razões logísticas e tributárias, mais competitivas as indústrias farmacêuticas instaladas em Minas. Um caso de sucesso recente é o início da operação da indiana ACG, gigante global na produção de cápsulas para medicamentos, em Pouso Alegre.
3. A posição logística e o acesso facilitado a amplo mercado consumidor. Em um raio de 800 km, traçado a partir de Belo Horizonte, atinge-se algo em torno de 50% do PIB e do mercado consumidor brasileiro. A densidade empresarial no Sul de Minas é o caso concreto de como o diferencial logístico a partir da proximidade com o mercado de São Paulo impulsiona a indústria farmacêutica. Pouso Alegre abriga atualmente grandes players como ACG, Cimed, União Química, Sanobiol (grupo Cristália) e futuramente Biolab, que está em implantação.
4. A presença de instituições de excelência desenvolvendo pesquisa de ponta e formando profissionais em quantidade e qualidade suficiente para atender às necessidades do mercado. Ao todo, Minas conta com 85 instituições de ensino superior, que oferecem cursos aderentes às demandas da indústria farmacêutica, como biomedicina, ciências biológicas e farmácia. São aproximadamente 25 mil matrículas, em cursos de graduação e pós-graduação, em 57 diferentes municípios. Em destaque a UFMG com mais de 1.700 matrículas nessas áreas de conhecimento.
5. Por fim, o perfil de governo, que busca simplificar e facilitar a vida de quem quer investir, gerar riqueza e empregos. Minas Gerais tem hoje o governo mais pró-negócio de sua história. A transparência e confiança nas relações entre setores público e privado alavanca o potencial de crescimento da economia de Minas a partir da credibilidade do governo local.
Artigo por João Paulo Braga - Economista, Especialista em Desenvolvimento Econômico, Diretor da Agência de Promoção de Investimentos de Minas Gerais (Indi)
Publicado originalmente em: DC - Diário do Comércio