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- Categoria: Mercado Farmacêutico
- By Fábio Reis
Pacientes com depressão com sintomas de ansiedade contam com novos tratamentos que podem apresentar menos efeitos adversos
Alta nas licenças médicas por saúde mental1 reforça busca por novos medicamentos que possam auxiliar na continuidade do tratamento2
Tristeza persistente, falta de interesse, cansaço excessivo e sono irregular, mas também medo intenso, tensão e preocupação constante. Essa combinação de sintomas, comum em pessoas com depressão com sintomas de ansiedade, está cada vez mais presente nos consultórios médicos. Estima-se que cerca de 85% das pessoas com depressão também apresentam sintomas de ansiedade, o que reforça a importância de identificar o perfil do paciente e oferecer o tratamento mais adequado2.
Em 2024, o Brasil registrou aumento no número de licenças médicas por transtornos mentais em uma década: foram mais de 472 mil afastamentos por quadros como depressão e ansiedade, segundo o Ministério da Previdência Social1. Em um cenário de crescimento da demanda por cuidados com a saúde mental1, cresce também a procura por alternativas que possam auxiliar na continuidade do tratamento, com perfil de tolerabilidade favorável3.
Um exemplo é a vilazodona, produzida no país desde agosto de 20244, que tem ganhado espaço como uma nova opção terapêutica para pacientes com depressão com sintomas de ansiedade5. Com um mecanismo de ação único, o medicamento se destaca por ter baixo impacto em alguns dos principais fatores que levam à interrupção precoce do tratamento: disfunção sexual e ganho de peso6.
De acordo com o psiquiatra Felipe Lobo, médico consultor da Libbs e supervisor do ambulatório de transtornos de personalidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a interrupção prematura da medicação é vista como uma razão significativa para a cronicidade dos sintomas depressivos7. “É preciso entender que nem toda depressão é igual e colocar todos os pacientes em uma mesma linha de tratamento pode acarretar uma piora do quadro”.
Segundo o especialista, que também é professor do Brazilian Institute of Practical Pharmacology (BIPP), como cada paciente é único, é preciso avaliar de acordo com a faixa etária, estilo de vida e prioridades para que haja uma maior adesão e melhora do quadro de saúde, sem deixar de considerar novas perspectivas de tratamento.
“Alguns podem ter ansiedade e depressão ao mesmo tempo e isso deve ser considerado. Já outros, doença psicossomática, atrelando dor crônica com depressão, por exemplo. Sexualidade e autoestima também devem ser critérios para a melhor escolha terapêutica”, disse Lobo.
Uma das causas da depressão é a neurotransmissão deficiente nas sinapses serotoninérgicas (5-HT) centrais. Por isso, um agente capaz de aumentar a transmissão de 5-HT mostra-se eficaz na abordagem antidepressiva8. A vilazodona é um fármaco que se diferencia por seu mecanismo de ação único, combinando a inibição da recaptação de serotonina com o agonismo parcial dos receptores 5-HT1A. Essa atuação nos receptores 5-HT1A contribui para a eficácia do tratamento e está associada à baixa incidência de disfunção sexual e de ganho de peso6.
Referências
1. Nações Unidas no Brasil. Brasil: Afastamentos por problemas de saúde mental aumentam 134%. 2025 Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/292926-brasil-afastamentos-por-problemas-de-sa%C3%BAde-mental-aumentam-134
2. Möller HJ, Bandelow B, Volz HP, Barnikol UB, Seifritz E, Kasper S. The relevance of 'mixed anxiety and depression' as a diagnostic category in clinical practice. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2016;266(8):725-736.
3. Ashton AK, Jamerson BD, L Weinstein W, Wagoner C. Antidepressant-related adverse effects impacting treatment compliance: Results of a patient survey. Curr Ther Res Clin Exp. 2005;66(2):96-106.
4. ANVISA. Consultas. 2025 [internet]. [acesso em 20 ago 2025]. Disponível em: https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/
5. Thase ME, Chen D, Edwards J, Ruth A. Efficacy of vilazodone on anxiety symptoms in patients with major depressive disorder. Int Clin Psychopharmacol. 2014;29(6):351-6.
6. Stahl SM. Psicofarmacologia: Bases neurocientíficas e aplicações práticas. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2022.
7. Linden M, Gothe H, Dittmann RW, Schaaf B. Early termination of antidepressant drug treatment. J Clin Psychopharmacol. 2000;20(5):523-30.
8. Ślifirski G, Król M, Turło J. 5-HT Receptors and the Development of New Antidepressants. Int J Mol Sci. 2021;22(16):9015.